quanta bobagem, quanta bobagem
eu não consigo me livrar de tanta bobagem
talvez se eu levasse um murro às dez da noite em algum beco
um murro bem dado no olho esquerdo
eu cairia na real
seria menos antropológica
mais dura
menos soneto
mais carcaça
eu não gostaria tanto assim de andar pelo wild side
as paredes chapiscadas que se amontoam depois da janela me machucariam
e meu sangue seria de um preto pouco dramático
somente os calos da dança
calos gigantescos
interromperia minha morte para pagar as contas
o coração sempre no centro do peito
sem a anatomia
russa
louca
pura literalidade
nenhuma lágrima lavando minhas mãos
mil linhas riscando com tristeza meu rosto
preciso de mais um murro
pra suportar este silêncio branco
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