domingo, 11 de novembro de 2012


"Não tenho tantas opções como pensei – de fato, só duas: extirpar o sentimento, dizer para ela ir para o inferno – ou jouer le jeu.

É claro, será a segunda. A idade da inocência terminou.

Isso não é o fim da história. É apenas o início da fase 3.

A fase 1 foi em julho e agosto: paixão, esperança, desejo. A fase 2 do meu regresso a Nova York no dia 2 de setembro até a última semana, em Paris: desejo intensificado, obsessão, sofrimento, paralisia do trabalho, castidade mágica, inocência (ainda), alegria com o sentimento de ser amada, esperar com paciência que comece nossa vida juntas.

Agora a fase 3. A hora de jogar limpo. Carlotta não pode ser o centro de minha vida, só (talvez) parte de um centro plural que inclua trabalho, os amigos, outros casos. Devo conceder a ela a liberdade de ficar comigo quando quiser e depois ir embora de novo. Tenho de aprender a usar, e desfrutar de forma genuína, a liberdade que tal situação me permite.

Tenho de me mostrar forte – o que significa que devo ser forte de verdade. Não devo oferecer a ela meu sofrimento, meu desejo, como prova de meu amor. Não devo sequer lhe dizer tantas vezes que a amo. Não devo tentar persuadí-la com palavras de que será bom para ela ficar comigo. (Isso desperta nela o temor da dependência). Não devo pedir que ela me dê segurança, dizer que me ama. Não devo perguntar quando ela virá a Nova York, apenas que espero que venha."

Susan Sontag

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