sábado, 25 de fevereiro de 2012


Vivo
Como um sonho que você tenta se lembrar ao acordar
Você sabe que teve
Mas depois de tanto esforço em se recordar
Já não tem tanta certeza
Eu já não tenho certeza se o que eu faço é viver
Viver tem lá sua poesia
Mas que pra mim está perdida em algum lugar
Que eu não sei
Eu passo parada pela vida
Fingindo buscar a poesia escondida
A verdade mesmo é que eu não pretendo nada
Eu não quero chegar a lugar algum com isso
E se eu quisesse
Eu viveria para descobrir que lugar é esse
Não, não
Eu vivo sim
Sinto esses nós apertando o peito
Essa contração na garganta
Essa mão empunhando meu coração
Cada vez mais forte
Tudo isso anuncia toda forma de vida que há em mim
Toda forma de vida que ainda resta
Toda forma de vida que tem se arrastado por esses poucos anos
Por essas muitas dores
Que transbordam em nada
Como pode alguém se doer todo
Sentindo nada?
Um vazio sufocar tanto
Até rasgar a alma?
Vivo
Uns versos mesquinhos
Mas nunca a poesia toda
Pois esta
Eu não sei onde está
Não sei se sequer existe
E não, não estou a procurar

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