no ano de 2009 eu li feliz ano velho porque naquele ano eu tinha previsões acerca do meu futuro totalmente diferentes do que estou vivendo agora. de acordo com 2009 eu estaria morando em brasília, cursando integralmente uma faculdade sem perspectivas, mas contente. então li feliz ano velho, assim, precipitadamente, empenhada em um futuro vestibular. (vestibular, estou nostálgica).
olha só que coisa é a coincidência: você ama brasília, eu gostaria de estar lá nesta quarta-feira, pensei em como eu encararia a vida se não tivesse mais poder sobre os meu movimentos, fiquei desesperada por conta disso, pensei em brasília de novo, li meio sem querer um texto de schwarcz ilustrado com a foto de um marcelo rubens paiva talvez no auge dos anos 80. calças jeans, cigarro e o cabelo naquela desordem clássica
entre alencares e gonçalves, os quais eu dispensava sempre, meu ensino médio foi marcado por essas felizes coincidências. eu poderia enumerar as cenas que lembrarei sempre, como o hermano subindo escadas de dois em dois degraus, mas essa é outra história. em feliz ano velho, um flerte de ônibus foi mais persistente que a tragédia, isso no meu coraçãozinho de quinze anos.
Uma vez no Rio, eu estava de férias passeando no carro da Nesita, quando parou um ônibus ao meu lado. Olhei e tinha uma menina linda me olhando. Dei uma piscada pra ela e ela retribuiu com um beijinho. Então dei uma lambida nos meus lábios e ela me fez uma careta. Depois rimos, e, quando o ônibus partiu, ela mandou um tchauzinho bem íntimo. Fiquei morrendo de vontade de parar o carro, subir no ônibus pra conhecer a garota. Deve ser uma menina legal, pra corresponder assim a uma brincadeira. Mas deixa ela ir embora. Pode ser que uma palavra estrague tudo. Essa cena nunca mais saiu da minha cabeça, nem o rostinho bonito dela. Eu a amei assim como amei a Lúcia. Na minha vida existem lugares, cenas, palavras que eu amo com um grande respeito. Como eu amei um orelhão de esquina que tinha perto da minha casa campineira. Como amei D. Margarida, minha professora de português em Santos, tanto que cheguei a arrancar a tampa da mesa onde ela dava aula, só pra ver as pernas dela.
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