segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

o que me incomoda bastante é este ponto frágil entre não ter o que dizer e entrar em colapso. é uma existência nada fotogênica. eu vivo me esforçando em acompanhar as questões dolorosas e é por isso que desconfio tanto de mim. não dá pra cutucar as próprias feridas com uma pinça, sem se atrever a enfiar o dedo ali na carne pulsante, sujar as mãos, ensaiar uma gargalhada no banheiro. tudo isso, na verdade, não passa de um vulcão morto.

onde é que eu fico quando me sinto seca, quando procuro a loucura, quando finjo a dor, quando me dreno pelo simples prazer de não sentir nada? onde é que eu fico quando mastigo todas as palavras do mundo ou quando adoeço em busca de uma resposta? também há um ponto frágil entre um vulcão que explode em cascalhos e aquele outro adormecido. o que eu mais preciso agora, com urgência, assunto vital, é rasgar todas as coisas tênues e ser profundamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário