sexta-feira, 14 de novembro de 2014

em um banheiro quase sujo, na altura mais triste da noite – todas as noites culminam em tristeza ou indigestão – pensei em ir embora dali e deixar para as pessoas apenas a memória do meu sorrisinho nervoso. é mesmo ridículo quando nos sentamos à mesa e começamos a falar de nossas misérias, da embriaguez ou da pele trêmula, quase como uma velha que insiste em mostrar as veias arrebentadas de uma perna durante o almoço de domingo. vivemos todos assim, hein? travando uma luta entre receber um pouco de atenção ou se esconder no banheiro para esperar a festa acabar. às cinco da manhã todos os seres são igualmente desesperados. alguns mais perdidos que outros, é verdade. a grande diferença está entre os que se acomodam e os que enlouquecem. eu procuro me acomodar e, talvez, seja por isso que enlouqueço todas as semanas. fico nesta de embotar os sentimentos e entrar em completo desespero depois. pareço uma mulher presa em um casamento de vinte anos. há muito tempo que tudo que eu sinto falta se transforma em sono. 

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