K.,
também passo grande parte do dia preocupada com as revelações desfeitas antes mesmo de acontecerem. posso terminar a graduação, posso ir para são paulo ou qualquer cidade escondida mais a leste, posso me especializar em cinema, posso ser professora universitária, posso assistir todos os filmes de 1930 ou ler cada frase de todos os junkies da última metade do século passado. mas pode, sobretudo, acontecer de essas coisas nunca se revelarem. rimbaud trocou a literatura pela vida e teve uma das mortes mais tristes que um homem apaixonado pode ter. nem mesmo ele foi plenamente livre. no entanto, as revelações saem de suas palavras num fluxo terrivelmente incessante. por mais que eu já não acredite na arte como o lugar onde se pode viver verdadeiramente dessas fantasias, a ideia me perturba sempre que me deito.
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