"- Você sabe que eu sempre quis romper o molde que a vida forma em volta de nós, se deixamos.
- Por quê?
- Quero atravessar as fronteiras, apagar todas as identidades, qualquer coisa que nos fixe permanentemente em um molde, em um lugar sem esperança de mudança.
- Isso é o oposto daquilo que todo mundo geralmente quer, não é?
- Sim, eu costumava dizer que tinha problemas de moradia: o meu era que eu não queria uma casa. Queria um barco, um trailer, qualquer coisa que se movesse livremente. Sinto-me mais segura quando ninguém sabe onde estou, quando por exemplo estou no quarto de um hotel, onde até mesmo o número foi apagado da porta.
- Mas segura em relação a que?
- Não sei o que estou preservando da detecção, exceto talvez o fato de me sentir culpada por vários amores, por muitos amores em vez de um único.
[...]
A identidade do casal humano não era eterna, mas permutável, para proteger essa troca de espíritos, transmissões de caráter, todas as fecundações de novos eus vindo à luz, a fidelidade apenas à continuidade, as extensões e expansões do amor concluindo suas cristalizações em momentos e cumes elevados iguais aos momentos e cumes elevados da arte ou da religião."
anaïs nin
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