Há uma mulher. Olhos de porcelana trancafiados. Quando ela
morrer vou colocar sobre aqueles olhos dois espelhinhos redondos e vou quebrar
suas pernas magras de boneca francesa. Que diabo! Anda quase que em pliés. O
nariz alcançando a Aconcágua, tão perfeito e vermelho gélido. Quando encostava
aquela coisa fria em minha cara, eu pensava que mulher infernal. Costumávamos
ter a vida como uma oferenda, todos os dias eram de Iemanjá. A rua escura
seduzindo nossos corações e sempre vendíamos nossa alma por uns goles. Sentimos
muito. Deitada na avenida me apresentou todas as objeções que tinha a nós. Não
bastasse, tinha razão. Talvez eu fingisse muito bem o amor e, assim, ela
acreditasse que me amava. Voltava sem tréplica. Mas os olhos continuavam lá me
condenando, diáfanos como as águas de Narciso.
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