_ Que tal essas flores?
_ Não, não. Brancas demais.
_ Qual o problema do branco?
_ Branco é como o nada. Não gosto.
_ Claro que não. Branco é junção de todas as cores, lembra?
_ O preto também é.
_ Mas preto... bem, preto é tão triste. Existem flores
pretas?
_ Não sei, deveria.
_ Você e suas histórias. Já não quero levar flores, nem as
brancas.
_ Por mim tudo bem. Não vejo utilidade alguma nisso, flores
têm uma vida
tão efêmera na casa de alguém. É morte na certa.
_ Mas sempre será morte na certa. Pra qualquer vida.
_ Nem por isso a gente tem que adiantar o processo, socando
flor na sala da Lídia.
_ Eu já não tô falando só de flores.
_ Tá, meu benzinho. Nada nem ninguém precisam acabar tão rápido.
_ Não era você que queria flores pretas?
_ O que tem a ver?
_ Se branco é nada, preto é morte.
_ Preto não precisa ser morte.
_ Preto é escuridão e escuridão é ruim.
_ Não é ruim. Você só precisa lidar com isso e ela se torna
grande companheira.
_ Quer ver se tem flores pretas? Deus, isso é ridículo.
_ Não. Ninguém compraria flores pretas, de qualquer forma.
Quando pequena, perguntava se existiam flores pretas, assim como rosas azuis, tão raras.
ResponderExcluirEncararam como uma fase minha da infância, até hoje procuro.