Mãe, não se preocupe, a estrada para o oeste é sagrada. Sim,
sim, eu já me confessei. Disse ao padre que eu nunca iria amar e ele respondeu
deus o faz, filho, deus o faz. Oh, mãe, as coisas por aqui são tão vis, eu não
vejo escape senão caminhar pra longe. Não me olhe assim tão torto se eu sinto
uma profunda falta de tudo, se eu carrego os mesmos anseios da minha criancice.
Perdoe porque teu colo nunca foi suficiente pra me sarar, talvez não tenha cura.
Essa merda toda que eu carrego me pesa as mãos, as costas, a alma. Mas o chão
do oeste é sagrado, é por lá onde passam os perdidos, carregando entre os dedos
trêmulos todos os medos, pra sentir os ventos de liberdade. Sopra, sopra,
sente. Não é maravilhoso, mãe?
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