quarta-feira, 9 de maio de 2012


Mãe, não se preocupe, a estrada para o oeste é sagrada. Sim, sim, eu já me confessei. Disse ao padre que eu nunca iria amar e ele respondeu deus o faz, filho, deus o faz. Oh, mãe, as coisas por aqui são tão vis, eu não vejo escape senão caminhar pra longe. Não me olhe assim tão torto se eu sinto uma profunda falta de tudo, se eu carrego os mesmos anseios da minha criancice. Perdoe porque teu colo nunca foi suficiente pra me sarar, talvez não tenha cura. Essa merda toda que eu carrego me pesa as mãos, as costas, a alma. Mas o chão do oeste é sagrado, é por lá onde passam os perdidos, carregando entre os dedos trêmulos todos os medos, pra sentir os ventos de liberdade. Sopra, sopra, sente. Não é maravilhoso, mãe? 

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