sexta-feira, 27 de abril de 2012


O céu se faz vermelho em toda sua imensidão infinita. Esse mesmo céu, que cobre almas tão perdidas, se desdobra em cinza, em fumaça, em água. Assim como a parte mais bonita e triste de mim. Um lugar que carrega a iminência de tantas tempestades, que se faz rubro como esse céu de futuras chuvas. Só que eu não sei o que está por vir. Só que eu não sei. E, assim como relâmpagos e raios e qualquer luz alta demais me amedrontam, eu tenho medo do que eu guardo. É um silêncio furioso. Sinto que vai ser difícil daqui pra frente, mas quantas vezes não foram assim? Quando foi a última vez que eu senti isso que me é devastador? Parece que foi sempre desta forma, apesar de eu saber que não, que não foi assim a vida inteira. Em algum lugar deve existir a plena paz, no passado, no futuro ou em outra dimensão qualquer que minha tolinha razão quer desprezar. Isso: é disso que eu chamo isso que me tem, ou que eu tenho, não importa, estamos entregues um ao outro. Eu e isso. Eu e esse céu milagroso em agostos secos. É devastador, mas eu ainda estou aqui. É como morrer de amor: você continua aí. Talvez, continuar seja a pior parte. Porque, no final das contas, você está morto! Vivo, porém morto. Existe, será, algo mais pesado, do que viver morrendo? Não se sabe, os céus podem desmoronar daqui a cinco minutos, duas horas, ouso: meses. Nenhuma ciência pode ser tão exata assim a ponto de determinar leis tão naturais. Esperemos aflitos, fiquemos em casa, fechemos as janelas, peguemos guarda-chuvas, o céu quer desabar, ele está colérico, avermelhado, ele está pronto pra morrer todos os dias. 

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