segunda-feira, 12 de março de 2012

só a passeio


Andei por essa cidade, hoje, com a cabeça recostada no vidro do ônibus. Parte da testa se apoiava na janela enquanto meus olhos buscavam tudo naquelas ruas, naquela gente, naqueles postes, naqueles faróis de carro.

O que é mesmo que eu procurava?

Parece que por uns míseros segundos as coisas se perdem, assim como as imagens que meus olhos captavam se perdiam enquanto o ônibus andava. E, por mais que eu torcesse o pescoço ou forçasse a vista, eu perdia aquele rosto do lado de lá da janela, e eu perdia, talvez, para sempre. Perdia as faixas amarelas da pista, os outros ônibus que iam ficando para trás e as pessoas dentro deles também. Nunca mais verei aquelas caras cansadas. Isso não te incomoda? A possibilidade do nunca? Já te disseram que nunca é tempo demais? É tão demais que me tira o ar pensar nisso.

Por que a gente deixa as coisas irem embora?

Talvez esse seja o destino de todas as coisas. Passar. Mas eu nunca me esforcei tanto para que essas mesmas coisas permanecessem. Só espremo os olhos, a testa continua encostada na janela e o jeito de resolver isso é olhando pra outra direção, pras próximas imagens, pras próximas coisas. E me doer de falta de tudo depois, pois é isso que eu sei fazer bem, doer. 

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