sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Lara,

eu nunca vou esquecer a porra do teu nome. Me sinto um estúpido com o tormento que outras Laras me trazem. Você sabe, é como se existisse somente você neste mundo de 7 bilhões. E o apartamentinho que a gente alugou lá no centro, era como se existisse só aquele quarto com nosso “colchão de amar” no chão e nós. Ainda tem o resto de erva que você deixou, ainda tem as lembranças de você fumando depois do sexo, deus, como isso me irritava. E você apenas esculpia seu melhor sorriso e me beijava. E eu parava de ser tão chato e tragava com você. Dois perdidos na realidade frouxa que nos fugia. Não foge mais. Está estampada, dando murros no meu estômago, martelando minha alma. Realidade sacana essa. Talvez você esteja em algum boteco sujo remoendo dores maiores que as minhas, e tudo que eu mais quero quando penso isso é te encaixar nos meus braços. Esquecer. Eu nem lembro mais porque é que eu não to naquele quarto encarando seus olhos negros, tirando seu cabelo do rosto. Na verdade, eu não entendo, não quero entender. Você disse que a gente já sangrou demais juntos e que a intensidade é quase que infinitamente funda, correndo o risco de não ter nada lá no final dela. Que grande besteira, minha Lara. Eu bem sei que você prefere a solidão a um amor raso. Expressão até errada essa, “amor raso”. Se é raso, não é amor. Volta, a gente arruma curativos, sempre foi assim. Nenhuma das outras Laras carrega livros de poemas na bolsa, nenhuma delas pinta as paredes da casa, nenhuma tem a sua textura, o seu som, a sua saia longa florida. A gente vai embora, arrumamos uma mochila e vamos desbravar o oeste, assim como planejamos em alguma noite do mês de maio. Vamos molhar nossas almas sedentas com sonhos outra vez. Somos tão jovens para sermos tão tristes assim. Eu era mais feliz ao seu lado, dividindo tristezas. Agora estou mais uma vez vagando sozinho nesta vastidão de mundo, sem você na minha solidão. Ontem bebi uma garrafa de vinho, depois vomitei tudo pra dormir como um morto no chão frio. Escrevi umas coisas. Lara, Lara, Lara. Foi patético. A vida tem sido assim, afinal. Não me diga que o amor acabou, porque eu sei que é uma completa mentira esse papo. Era forte demais pra simplesmente desaparecer. Talvez eu prefira que você nunca tenha me amado, porque ‘deixar de amar’... dói muito mais. Fico preso na minha loucura analisando as coisas que o álcool ainda não me fez esquecer, então eu me pergunto pra cada lembrança o que eu fiz de errado. Aí vem aquela vontade filha da puta de voltar atrás, recuperar, consertar o que foi, ainda que eu ache que aqueles tempos foram os melhores que eu vivi. Quando se passaram dois dias sem que você voltasse, eu comecei a enlouquecer. Era o mau presságio me avisando. “A Lara se foi”. Eu repetia pra mim mesmo que era mentira, que você já se foi tantas vezes e sempre voltava pedindo que eu abrigasse sua confusão. Você nunca me pedia pra te entender, só que eu te abraçasse e te beijasse os cabelos. Então, se passaram um, três, oito meses sem notícia sua. Se soubesse ao menos onde você está, se sorri nos fins de tarde, se arrumou um trampo, se ta na casa da sua mãe, se viajou... que seja! Qualquer coisa me aquietaria mais. Não dá pra simplesmente sumir da minha vida, porque, Lara, eu nunca vou esquecer a porra do teu nome, que está cravado na parte mais profunda do meu eu. Não é você que escolhe sair. Te amarei.      

2 comentários:

  1. Me perdoe pela expressão, mas PUTA QUE PARIU!
    Você se superou, esse tocou lá no fundo, fefê.
    Muito bom mesmo, não tinha como não dizer.

    "Que grande besteira, minha Lara. Eu bem sei que você prefere a solidão a um amor raso. Expressão até errada essa, “amor raso”. Se é raso, não é amor. Volta, a gente arruma curativos, sempre foi assim."

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